Tempo de leitura: 8 minutos

Talvez você já tenha sentido isso: enquanto o mundo gira lá fora, pessoas realizam, decidem, se casam, mudam de país, crescem na carreira, fazem escolhas — e você permanece no mesmo lugar. Há um desconforto silencioso, quase imperceptível no dia a dia, mas que às vezes aperta o peito com força: “O tempo está passando… e eu?”


1. A ferida da comparação e a paralisia interior

Vivemos em uma cultura onde o tempo é medido por resultados e marcos: a faculdade concluída, o cargo alcançado, a viagem feita, o relacionamento estável, o corpo desejado, a vida “resolvida”. E quando não estamos em sintonia com essa narrativa, nasce um ruído interior: “Eu devia estar em outro lugar.”

Essa sensação vai se tornando um tipo de peso invisível. Mesmo quando estamos fazendo algo, sentimos que é pouco, que não basta, que estamos atrasados. E quanto mais pensamos nisso, mais paralisados ficamos. O pensamento acelera, mas o corpo trava. A vontade se fragmenta. E o presente perde o sabor.


2. Quando a pressa vira sintoma

A ansiedade não se resume a agitação. Muitas vezes, ela se apresenta como essa angústia crônica de estar ficando para trás. A mente começa a comparar, a exigir, a correr sem direção. As redes sociais funcionam como vitrines de vidas que parecem sempre melhores e mais avançadas.

Mas essa corrida não tem linha de chegada. Porque o problema não é só o ritmo de fora — é a desordem de dentro. O tempo parece escorrer pelas mãos não porque há pouco tempo, mas porque há pouca presença. Pouca estrutura interior. Pouca clareza sobre o que realmente importa.


3. O tempo certo não é o tempo dos outros

Uma das maiores violências emocionais que podemos cometer contra nós mesmos é querer viver no ritmo de uma vida que não é a nossa. Existe um tempo justo para cada um — mas só descobrimos esse tempo quando paramos para escutar com verdade quem somos e o que precisamos neste momento da vida.

Às vezes, a vida te pede recolhimento, preparação, silêncio. Outras vezes, pede movimento, decisão, entrega. Mas quem não reconhece seus próprios ciclos vive tentando se forçar a correr num ritmo que adoece.


4. Reconstruindo seu eixo interior

O primeiro passo é reconhecer a sensação: “Eu tenho me sentido para trás”. Dizer isso sem vergonha, sem acusação. Apenas admitir. Depois, olhar para o que está dentro:
– O que eu tenho adiado?
– O que me assusta?
– O que me paralisa?
– Que comparação tem me ferido?
– Que ideal de vida eu estou tentando alcançar sem me perguntar se é meu?

A terapia ajuda nesse processo. Ajuda a desmontar exigências irreais, a reconstruir a estrutura interior e a recuperar o senso de direção. Ajuda a organizar a mente, fortalecer a vontade e permitir que a ação surja com mais verdade e liberdade.


5. Você não está atrasado: talvez esteja adormecido

Nem todo atraso é um problema. Às vezes, é sinal de que algo em você precisa acordar. Um desejo adormecido. Um sentido esquecido. Uma coragem esquecida. A boa notícia é que nunca é tarde quando o passo é verdadeiro.

Você pode recomeçar agora. Do jeito que está. Com o que tem. Com a verdade que já é suficiente. O tempo não é seu inimigo. Ele só exige presença.


Se você sente que o tempo está passando e você ficando para trás, talvez seja hora de parar — não para desistir, mas para se reencontrar.
A terapia pode ser esse espaço de pausa fértil: onde você ouve a si mesmo, reencontra sentido e aprende a caminhar com mais consciência, direção e paz.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *